segunda-feira, 13 de agosto de 2007

62 ANOS DE BOMBA ATÔMICA. Como anda esse mal?

Há 50 anos, o segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda (1900–1958), proferiu sua consagrada declaração que condena as armas nucleares como “um mal absoluto” e clama pela sua proibição.
A importância e o valor dessa notável declaração tornaram-se ainda mais evidentes com o passar dos anos. E continuarão a ser, tenho certeza, pelo futuro.

Embora tenha surgido em todo o mundo um movimento clamando pelo banimento dos testes atômicos e nucleares, é meu desejo ir além, e atacar o problema em sua raiz. Quero expor e extirpar as garras escondidas nas profundezas dessas armas. Quero declarar que qualquer um que se aventure a utilizar armas nucleares, independentemente de sua nacionalidade ou se seu país é vitorioso ou derrotado, deve ser condenado à morte, sem exceção. Por que digo isso? Porque nós, cidadãos do mundo, temos o direito inviolável à vida. Qualquer um que tente pôr em perigo esse direito é a personificação do mal, um espírito maligno, um monstro.

Toda se sentia profundamente ultrajado diante das forças que desprezavam o valor e a dignidade da vida e roubavam o direito das pessoas à sobrevivência. Sua determinação veemente de extirpar a natureza maligna oculta nas profundezas dessas armas encontrou voz na escolha da frase rude e implacável.

A percepção sagaz de Toda fundamentava-se no plano universal da vida humana, transcendendo as diferenças de ideologia e sistema social. Ele desnudou a essência dessas armas apocalípticas, cuja destrutibilidade letal pode pôr fim à civilização humana e mesmo à perpetuação do homem como espécie.

Para os jovens associados da Soka Gakkai, cujo foco principal é a propagação do budismo, as palavras de Toda são tão inusitadas quanto inesperadas. Muitos se perguntam por que ele, como budista, preocupava-se tanto com a proibição das armas nucleares e por que considerava essa a sua mais importante mensagem aos jovens responsáveis pelo futuro. Muitos ainda não compreendem que o propósito de uma religião não pode ser concretizado no isolamento, mas deve ser complementado e enriquecido de uma missão social e humana mais ampla.

Na proposta de paz deste ano, Daisaku ikeda traz algumas sugestões e idéias específicas de apoio à transição para um mundo sem armas. O primeiro conjunto de propostas se refere à necessidade de ações para o desarmamento nuclear.

De acordo com o Tratado sobre Reduções Ofensivas Estratégicas — Tratado de Moscou — assinado pelos Estados Unidos e pela Federação Russa em 29 de maio de 2002, os dois países se comprometem a reduzir o seu poder estratégico de ogivas nucleares a um nível entre 1.700 e 2.200 até o final de 2012. Este tratado, porém, não inclui medidas para a eliminação completa dos arsenais nucleares.

Como passo seguinte, ele faz um forte apelo para que os Estados Unidos e a Federação Russa reduzam seus arsenais de mísseis estratégicos para cem ogivas e firmem um novo tratado bilateral por meio do qual se comprometam a eliminá-los completamente, posicionando-se, portanto, como líderes nos esforços globais para o desarmamento nuclear. Ambas as nações devem também empreender esforços, de acordo com suas obrigações para com o desarmamento nuclear, visando à adoção de um novo tratado de desarmamento nuclear que inclua todos os países detentores dessas armas.

Desde setembro de 2006, os Estados Unidos e a Federação Russa vêm estudando um novo regime de inspeção e acompanhamento contínuos, em substituição ao Tratado de Redução de Armas Estratégicas, que expira em 2009. Da mesma forma, os sistemas de armas nucleares britânicos chegarão ao fim de sua vida útil em meados de 2020. No ano passado ocorreu um debate sobre a renovação dos sistemas.

Acredito que tais acontecimentos devem oferecer uma oportunidade para o desarmamento de todos os Estados nucleares — e não para o aumento de arsenais nucleares ou o desenvolvimentode novas armas. Para este fim, ele propõe a formação de uma agência internacional de desarmamento nuclear dentro das Nações Unidas que coordene as negociações para um tratado. Este órgão deverá ter poderes de inspeção para assegurar que, uma vez em vigor, o tratado seja devidamente implementado.

Hoje existem 30 mil ogivas nucleares.

Hoje, pelo menos oito países podem afirmar que têm a arma nuclear: Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, China, França, Índia, Israel, Paquistão e, talvez, a Coréia do Norte. Há poucas esperanças de que desistam de seu arsenal.

Os Estados que participam do Tratado de Não-Proliferação das Armas Nucleares (TNP) não conseguiram um consenso sobre uma revisão maior desse acordo, que entrou em vigor em 1970, e que aparece mais e mais obsoleto.

Será que estamos seguros realmente?

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