quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Entre ódios e amores na Rua tudo acontece.

Crianças crescem. Aprendem a andar, brincar, caem, se machucam, vêm os primeiros acidentes ainda pequeninos, ralados, machucados e o chororô, aprendem a encarar a dificuldade, essa fase é importante, pois sempre se levantam após a queda e vão crescendo, crescendo... E as ruas assistindo.

Depois mais maduros, mas nem tanto, aprendem a correr: correr para chegar ao destino, ao trabalho, ao encontro, correm do patrão que chateia, do amigo que aborrece, das broncas da mãe, das brigas quando namorando, dos problemas existenciais; o relógio passa a ser inimigo, o tempo já não espera, as tardes na rua que eram maravilhosas começam a ser cada vez mais escassa e rara, essa mesma rua já não o reconhece, seu sangue que não rara as vezes a melava pelos seus pequeninos acidentes é trocado pelo suor, suor dessa temida correria que a rua apenas assiste em silêncio, e o único sangue que a suja hoje já não é apenas uma lição do aprendizado dos primeiros anos de vida, agora se há sangue, a coisa foi feia: - será que está vivo?

Feliz é a rua.

Depois envelhecem, adoecem, enlouquecem, entristecem, emburrecem, formam-se, e a rua assiste. Uma conversa estranha surge perante a memória que se atrapalha na cabeça, já não tem colunas eretas, cabelo vira superficial, visão embaça. E o que persiste além das crises de reumatismo? A rua, essa está sempre ali.

Feliz é a rua.

E essas ruas que durante anos viu, empurrou, boicotou, ajudou, machucou, agora eternizam os homens que não só emprestam seus nomes para serem homenageados, mas sim se fundem em um laço mais que fraterno, e têm grande importância para os novos homens que virão a viver seus maiores ódios e amores nessa Rua.

Feliz é esse homem.